SNBA vê e discute obra do pintor Jaime Silva


Sem título 1982, Carvão, pastel e colagem s/ papel, 200 x 150cm

Realiza-se esta quinta-feira, na sede da SNBA - Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, às 18h30, uma mesa-redonda dedicada à obra do pintor Jaime Silva, que se realiza no âmbito da exposição antológica do artista, recentemente inaugurada.

O pintor vai estar presente na sessão, que contará com a participação de vários professores e críticos de arte. A saber: Rui Mário Gonçalves; Cristina de Azevedo Tavares; Nuno Faria e Maria José Craveiro.

Contará ainda com a participação do escritor e poeta José Manuel de Vasconcelos.

Quanto à Exposição Antológica de Jaime Silva, que reúne cerca de 100 peças, ficará patente na Sociedade Nacional de Belas Artes até 27 de Abril e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, excepto feriados, das 12h00 às 19h00.

in Correio da Manhã, 9.04.2013

Jaime Silva e os gestos do corpo


Sem título 1980, Carvão/pastel/tinta da china s/ papel, 150 x 182 cm

Finalmente uma revisão antológica da carreira do pintor Jaime Silva na SNBA. Miguel Matos foi ver e recomenda.

Jaime Silva é um artista que, sem ter o seu nome permanentemente badalado nos meandros da arte contemporânea, continua a trabalhar durante décadas, experimentando técnicas e linguagens diferentes. Uma longa carreira como esta necessita de uma revisão periódica da matéria dada. É isso que podemos observar na Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA) com esta exposição antológica: um pouco da história da vida do artista, desde as suas primeiras incursões na arte até à actualidade, em pintura e desenho.

Jaime Silva nasceu em Peso da Régua, em 1947. Licenciou-se na Escola Superior de Belas-Artes do Porto e pouco tempo depois formou o Grupo Puzzle, juntamente com Graça Morais (com quem foi casado durante 18 anos), Albuquerque Mendes, Armando Azevedo, Carlos Carreiro, Dario Alves, João Dixo, Pedro Rocha e Pinto Coelho. Paralelamente, ao longo da sua carreira de pintor, tem leccionado em escolas como o Ar.Co e a Sociedade nacional de Belas-Artes. Nunca se dedicou em exclusivo à pintura e escolheu partilhar os seus conhecimentos, fazendo uso das suas qualidades de comunicação, coisa rara nos artistas portugueses.

A antologia que a SNBA dedica a Jaime Silva começa logo nas suas primeiras experiências plásticas académicas. Enquanto aluno desenvolveu trabalhos de cariz diverso que se expõem nestas salas, para que se perceba que este homem tem interesses diversificados, mas sempre com alguns eixos que se mantêm, como são a exploração da presença do corpo, a relação física do pintor com a tela, o espaço e as linhas do desenho. Aliás, o desenho neste artista tem um carácter enérgico, rápido, de espontaneidade a toda a prova, como se pode ver em obras de grande dimensão de início de carreira e mais tarde em enormes telas de expressionismo gestual cheias de cor, dinâmica e força. Algumas obras são de enorme impacto e vibração, com efeitos imediatos em quem as olha. Depois, para que se entenda a obra deste autor, há um pouco de cada fase: desde o experimentalismo aplicado ao desenho de nu, ao informalismo e expressionismo, a um lado de desenho automático e quase psicanalítico.

As suas experiências mais actuais consistem numa selecção de obras de uma exposição recente no Palácio Nacional da Ajuda, em que Jaime Silva pinta formas labirínticas, como metáforas para as relações sinuosas do poder instituído. Para além destas, há sempre uma relação visceral com a pintura. O corpo aparece representado com a sua dimensão carnal bem vincada, o que parece destoar com a espiritualidade e quase minimalismo das suas paisagens inventadas. Todas estas referências tocam em pontos aparentemente opostos, mas para quem expõe há 38 anos, estranho seria se se tivesse mantido sempre no mesmo registo.

Exposição Antológica. Na Sociedade Nacional de Belas-Artes (Rua Barata Salgueiro, 36) até 27 de Abril. Seg-Sex 12.00-19.00. Entrada gratuita.

in Time Out, 27 de Março a 2 de Abril 2013
PDF aqui

Exposição Antológica de Jaime Silva na Sociedade Nacional de Belas Artes


Exposição Antológica de Jaime Silva
12 de Março a 27 de Abril 2013

45 anos de percurso artístico - 1966 / 2011
100 obras de Pintura e Desenho

O pintor Jaime Silva apresentará cerca de 100 peças de Pintura e Desenho, pertencentes à sua colecção pessoal, bem como a colecções privadas e Institucionais – abrangendo 45 anos de carreira artística (1966/2011). A exposição é acompanhada por Catálogo com textos de Laura Castro e do artista.

Sem título 1984, Óleo sobre tela, 148 X 262 cm

Afirma Laura Castro, no texto de Introdução ao Catálogo da Exposição Antológica do Pintor Jaime Silva, que o percurso artístico deste autor se pauta por inicial ruptura com os “ modelos históricos e estéticos, técnicos e académicos”, assumindo uma parafiguração irónica ou até grotesca, que progressivamente dará lugar aos grandes desenhos dos inícios dos anos 80 e que pela “vertigem do acto e a força”, são da maior importância na obra deste artista.

Assumida a Pintura, vinda de gestualidade anteriormente pressentida, como anexadora da totalidade do suporte e vivenciada em expansão e outra escala - nela insinuou o pintor elementos organizadores que a encaminharam para “ maior estruturação e … delicadeza de abordagem”, fazendo surgir formas claramente perceptíveis.

Seguidamente a uma temática da paisagem transmontana, entendida de modo próprio e abordada em desenhos que “são extraordinariamente contidos e, ainda assim, expressivos”, desenvolveu o Pintor “peças intimistas que adquiriram o ar de um diário, a atmosfera de uma confidência privada, o carácter poético de entrega…à paisagem e ao mundo vegetal e floral”. Escritas, portanto, “como o eram os grandes desenhos dos inícios de 80”, relevando no entanto de outra intencionalidade e modos de fazer.

A abordagem do Corpo, de modo pretendidamente próximo e ao mesmo tempo distante do modus faciendi clássico; os seus Cadernos de Sombras

Sem título, Série "Um Olhar sobre o Palácio”, Acrílico s/ tela 2011, 114 x 146 cm

- exposição recente que teve como subjacente a análise de Victor Stoichita - e que o Pintor definiu como: “exposição de uma geografia da Alma encenada geometricamente”, em rigor gráfico e conteúdos semi-conscientes; e a meditada recriação dos espaços quase labirínticos do interior do Palácio-Museu da Ajuda - convergem para uma proposta de leitura do percurso artístico deste autor, como de contínua reflexão sobre o acto de Pintar na sua relação transversal com outras áreas do conhecimento, e os modos de estar e dizer-se poeticamente no Mundo.



Mesa-redonda sobre a obra do artista dia 11 de Abril de 2013 com a presença do Pintor e de:
Rui Mário Gonçalves
Cristina Azevedo Tavares
Nuno Faria
José Manuel de Vasconcelos
Maria José Craveiro

Visitas Orientadas
4 e 27 de Abril



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